segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Pinóquio ainda quer ser gente ?

Os bonecos não tem mais inveja nenhuma dos humanos. Os robôs, em outros filmes, por alguma falha no sistema (quer coisa mais humana que uma falha?) passavam a querer ter desejo ou, melhor ainda, desejavam ter desejo. Desejavam poder ter o gosto de um tempero espanhol, ter preguiça de que acordar cedo amanhã de manhã, pular do farol, ter a emoção de um gol no final. Mas imagina agora se algum desses vai querer ser humano. É gente que mata, gente que muito mente, gente que muito rouba, gente com muito rancor, gente que nem é gente mas é muita gente. Aí o Pinóquio vai querer ter um coração para quê? A Fada Azul ficaria roxa de vergonha e nem perdoaria esse meu trocadilho desumano. Aqui estão um boneco de madeira, uma fada, um robô. Estes parecem ser seres mais interesantes que o que eles querem ser. Humanos? Gente? Pessoa assim como a gente vê? Mas os humanos, afinal, só devem estar querendo uma coisa: ser robôs. E nem isso eles podem ser. E Pinóquio, boneco de madeira que queria ser gente, hoje em dia provavelmente não teria a menor vontade.

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