E eu sei o caminho da felicidade. É felicidade com prazo de validade,
com tempo milimetricamente determinado mas é felicidade, na mais pura
forma. Pelo menos é o que eu tenho e é o que eu sei. Pode até pensar no
efêmero. Eu penso que é um pontapé inicial, um treinamento ou, melhor
ainda, a origem. E somos tão burros que sabemos o nascedouro da
felicidade, a origem dessa arte, o fino prazer. E sabemos também
exatamente que quem dá felicidade também tira. E nunca estamos
preparados pra isso. É como baixar a guarda pro mais perigoso pugilista
com a esperança de que ele não irá desferir um soco, um gancho. É como
saber que o mais íntimo é o pior inimigo, caso seja possível. Mesmo
assim, lhes digo senhores do norte e senhoritas do sul, que tudo vale a
pena em cada poeira, cada mancha na camiseta branca, cada rasgo na calça
jeans. Mesmo assim mais vale acreditar que esse caminho da felicidade
pode tornar-se mais longo e gostoso mesmo que haja um limite invisível,
mesmo que calos passados machuquem, mesmo que planos futuros padeçam
implicantes, mesmo que alguma coisa seja contra, apegue-se no tantão a
favor. Permita-se não entrar na lei do impedimento. Permita-se não se
negar a voar por medo de altura. Permita-se viver um amor bem grandão,
mesmo que seja só por uma madrugada. O espaço de uma hora pode valer por
uma eternidade. E falando em hora, hoje é um belo dia para se viver.
Afinal, o dia terá 25 horas. O caminho da felicidade está nisso: em
saber criar uma hora entre o sábado atolado e o domingo cansado só pra
te ver. Vai ficar aí parado ou vai logo voar?
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