Outro dia li. Mas porque ainda insisto nisso eu ainda não sei. Me meti a
ler uma revista qualquer. A qualidade anda tão sensata que qualquer dia
a própria palavra revista vai pedir revisão por ser vinculada a
publicações tão ruins. Mas, por fim leitor amigo, certa vez li que o
novo padrão de relacionamentos é o de casais semifelizes.
Tá aí uma
coisa a não ser entendida. Tem gente que mistura suco de manga e
coca-cola não por dúvida mas por insatisfação com um ou outro somente.
Os casais andam nessa coisa estranha de insatisfação passiva. Vovó dizia
que em tempos de vacas tão magras (e ela não se referia a nada vulgar)
ninguém troca o certo pelo duvidoso. Mesmo porque o certo, nesse caso,
nem é tão certo assim. E o duvidoso, nesse caso também, é sinonimo de
risco. O risco é a aventura, é a busca pelo que se quer mesmo que
difícil, é a novela na vida, é a vida no filme, é o livro ao vivo.
A
semifelicidade é invenção nova. Se isso vira moda o político seria
semiladrão, semiperdoado; Jorge seria semisanto; o Rio de Janeiro seria
semilindo; e eu, porque nao, seria semideus? Cada semi no seu lugar.
Semi-final em Copa do Mundo e só.
Se o sufixo for mais utilizado seus parentes reinvidicarão participação nos lucros. Daí será um tal de sub, quase e por aí vai.
Casais
semifelizes poderão ter semihistórias, semimúsicas, semiamor. É como se
bola na trave fosse gol. É contentar-se com metade, com pouco. É pouco.
Muito pouco. Pra quem é de plenitude semifelicidade é igual completa
infelicidade. Não vim aqui ser semifeliz. Não vim passar frio no peito. O
frio é na barriga.
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