quarta-feira, 21 de março de 2012

Clichê

Faça da cena da sua vida inesquecível. E se não o for, tente denovo. Tente outra vez. Vá lá, faça. Seja o diretor. Mande e desmande em si. Mas em toda cena o filme tem de ser notório, uma arte. O amor cínico do Woody Allen e a voraz e sensual tomada do Pedro Almodóvar. Mas tem de ser a todo o instante. A dedicação pela glória individual, onipresente e silenciosa.

Faça da próxima cena da sua vida uma coisa melhor. A atuação é verdadeira, encare de frente o personagem mais difícil da vida de qualquer um. Encare o prazer irretocável de ser você mesmo, nesse clichê teatral e empoeirado. Vale tentar. Vale mesmo, acredite. E se não conseguir, tente denovo.
Tente sempre, novamente. Porque só faz bem quem faz com vontade, só faz direito quem erra primeiro. Errar não é nada ruim. A alma de quem erra é mais bonita, é mais real do que a alma de quem não erra. É mais forte a casca batida que a pela cremosa e alinhada. Vai logo, que tem uma hora que a cena acaba. Vai querer chorar no final do filme?

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